Este blog é para você que é um Batista Reformado, e que entende que a Confissão de Fé Londrina de 1689 é como "espinha dorsal" no entendimento das doutrinas bíblicas.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Participação Congregacional no Culto

Leland Ryken


Uma inovação do culto Puritano foi o envolvimento de toda a congregação no culto. Para sentir as mudanças, devemos recordar o culto católico como existia antes da Reforma. A missa católica havia sido um culto em latim. A música, quer instrumental quer coral (com palavras em latim), era executada por músicos profissionais e era ininteligível para a pessoa comum. O “coral” (a parte de uma igreja inglesa onde o coro fica de pé ou senta) foi separado por divisórias do santuário principal onde a congregação sentava. A capela-mor e várias salas laterais igualmente dividiam as pessoas umas das outras e do altar onde era elevada a hóstia. Todos estes fatores conspiravam para tornar o culto um espetáculo no qual a congregação leiga permanecia passiva.

Que fizeram os Puritanos para tornar os adoradores leigos par­ticipantes no culto? Começaram por mudar a organização interior da igreja. Removeram as divisórias e fizeram o santuário ou nave central da igreja um auditório, no qual todo mundo podia ver e ouvir o culto inteiro. A mesa de comunhão foi retirada da capela-mor e posta próximo à congregação.

A música passou por uma transformação semelhante nos interesses da participação congregacional, em mudanças que já foram descritas. Em lugar da música instrumental e de música coral polifônica, os Pu­ritanos instituíram seu grande favorito, cântico congregacional de salmos métricos na língua inglesa. Increase Mather, escrevendo um prefácio para a obra de seu filho Accomplished Singer (Cantor Realizado), declarou: “Encorajaria especialmente nossos mais jovens a aprender a arte pela qual devem cantar regularmente, para que assim esta parte do culto divino possa ser conduzida mais belamente, e nela se possa deleitar mais geralmente”.

O cântico congregacional foi tão importante para o movimento Puritano como foi para o luteranismo na Alemanha. Um contemporâneo registrou tal prática assim:

A prática de cantar juntos a música da igreja muito nos tem ajudado. Pois tão logo haviam começado a cantar em público, em apenas uma pequena igreja de Londres, imediatamente não apenas as igrejas na vizinhança, mas até nas cidades distantes começaram a competir umas com as outras na mesma prática. Você pode às vezes ver na Igreja St. Paul's Cross, após o culto, seis mil pessoas, velhos e jovens, de ambos os sexos, todos cantando juntos e louvando a Deus.

Em resumo, os Puritanos restauraram o direito do povo comum de se unir no louvor a Deus.

O culto Puritano culminava no sermão, e isto pode hoje parecer contradição a idéia de participação congregacional. Mas os Puritanos enfaticamente não consideravam o sermão uma atividade espetacular. De acordo com o Jesuíta William Weston, que presenciou os exercícios de pregação nas ruas em Wisbech, as pessoas que assistiam tinham suas Bíblias abertas no colo e examinavam os textos citados pelos pregadores. Depois do sermão “eles também argumentavam, entre si, sobre o sig­nificado de vários textos da Escritura, todos eles, homens e mulheres, rapazes e moças, trabalhadores, operários e o povo mais simples”. Anotações durante os sermões e repetição do sermão em casa também atestam sobre quanto os Puritanos esperavam de seus ouvintes. Em comparação, teria sido mais fácil permanecer mentalmente passivo durante a leitura das palavras de um livro de oração.

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Fonte: Santos no Mundo, Leland Ryken, Editora Fiel, 1992, pág. 133-134.

Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org/adoracao/participacao-congregacional-no-culto-leland-ryken.html#ixzz0xclNSGSb

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