Este blog é para você que é um Batista Reformado, e que entende que a Confissão de Fé Londrina de 1689 é como "espinha dorsal" no entendimento das doutrinas bíblicas.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

As Confissões de Fé Batistas de 1644 e 1689

A CONFISSÃO DE 1644


As primeiras igrejas batistas calvinistas ou "particulares" tiveram início em Londres, na década de 1630. Elas sustentavam o batismo dos crentes por imersão e uma teologia calvinista. O rápido crescimento do sentimento batista na área de Londres já pelo ano de 1640, resultou em sérias oposições a este grupo. Vários escritos de linguagem ofensiva apareceram no período de 1642-44, cada qual procurando instigar suspeitas populares contra os batistas e confundir as pessoas a respeito de sua identidade. Buscando reagir contra esta situação e distinguir a si mesmos dos Anabatistas e dos Batistas Gerais, em 1644, quinze pastores das igrejas particulares, incluindo John Spilsbury, William Kiffin e Hanserd Knollys, redigiram uma Confissão de Fé. Esta, com 50 artigos, é considerada uma das mais notáveis confissões batistas de todos os tempos. Sete igrejas particulares adotaram esta Primeira Confissão Londrina, que foi a primeira Confissão moderna do Oeste Europeu a requerer a imersão como o único modo de batismo, e que caracterizava-se, ainda, por forte teologia calvinista e pela defesa de Liberdade Religiosa. Embora recebida com ceticismo em círculos não-batistas, a Confissão ajudou a doutrinar o inglês com visão batista, e a disseminar a fé. Uma segunda edição em 1646 foi instrumento para assegurar tolerância legal para o movimento. Outras edições apareceram no século XVII.

A CONFISSÃO DE 1677


Após a morte de Oliver Cromwell, houve toda uma série de eventos que culminou no retorno da monarquia Stuart em 1660, que tem sido denominada de "Restauração". Com o Rei Carlos II é adotado novamente o sistema episcopal. Um código de leis rígido, conhecido como Código de Clarendon, colocou os cargos da Igreja Oficial e do Estado nas mãos dos anglicanos e proibiu as reuniões dos puritanos. Por causa do Ato de Uniformidade, em 1662, que exigia total aceitação do Livro de Orações anglicano, nada menos que dois mil ministros presbiterianos, independentes e batistas foram obrigados a deixar suas igrejas e os puritanos se tornaram uma parte da tradição não-conformista da Inglaterra.
Após um pequeno recesso na perseguição, em 1673 o Parlamento promulgou o Ato do Teste, banindo não-conformistas de todas as repartições militares e civis. A perseguição recomeçou. Houve muito sofrimento por razões de consciência. Por exemplo, John Bunyan, batista, foi preso durante doze anos na Cadeia de Bedford e aí escreveu a alegoria intitulada O Peregrino (Pilgrim's Progress) que serviu de auxílio a muitas pessoas desde então.
A renovação da perseguição aproximou grupos em dissensão, em especial aproximou os Batistas e Congregacionais dos Presbiterianos. Os Presbiterianos, então muito numerosos na Inglaterra, e o grupo dominante na Commonwealth, desafiaram um Ato da monarquia, e fizeram com que a execução da lei fosse impossível. Observando o sucesso dos presbiterianos, outros dissidentes foram encorajados. Além disso, era importante que os não-conformistas formassem uma frente unida, que poderia ser demonstrada por uma mostra de acordos doutrinais entre eles. O documento que seria a melhor prova deste acordo estava em mãos. Era a Confissão de Westminster. Esta era a Confissão oficial da Igreja da Escócia, foi adotada pelo Parlamento inglês em 1646, e era a doutrina crida e defendida pelos presbiterianos ingleses. Também os Congregacionais a adotaram, depois de fazer algumas alterações em conformidade com os pontos de vista de suas igrejas, na Conferência de Savoy em 1658.
Os Batistas Particulares de Londres e arredores determinaram, então, mostrar seus acordos com Presbiterianos e Congregacionais fazendo da Confissão de Westminster a base de uma nova confissão batista. Uma carta circular foi enviada às Igrejas Batistas Particulares na Inglaterra e País de Gales, solicitando-as a enviarem mensageiros para uma Reunião Geral em 1677. Ao realizar-se o encontro, tomou-se conhecimento que William Collins (talvez juntamente com outros), ministro de uma igreja de Londres, havia trabalhado sobre os documentos de Westminster e Savoy, alterando onde achou necessário. Neste mesmo encontro o produto do trabalho de Collins foi aprovado e a Confissão foi editada em nome dos representantes reunidos. Também o acordo com a Confissão Londrina de 1644 foi reivindicado em nota introdutória. Mas, a escassez de cópias, a ignorância geral acerca da Confissão, e a necessidade de uma mais completa e de maiores distinções e alento nas visões expostas por aquela Confissão, foram também razões apresentadas para o preparo da nova Confissão.
Sendo baseada na Confissão de Westminster, uma das mais nobres declaração de crenças evangélicas, a Confissão de 1677 é muito mais completa e melhor ordenada que a de 1644. Ela também copia materiais da Confissão de Savoy, documento congregacional. Os ajustes e correções que foram feitos em cima das Confissões Presbiteriana e Congregacional dão ao novo documento seus traços distintivos batistas. E as três confissões comparadas mostram os pontos em que convergiam os reformados na Inglaterra do século XVII. Quando aceitaram a Confissão de Westminster, baseando solidamente nesta a sua Confissão de Fé, os batistas proclamaram abertamente os seus íntimos laços com as outras denominações saídas da Reforma e sua tradição mútua. Ao mesmo tempo, porém, rejeitavam o batismo infantil e proclamavam a sua distinta posição eclesiológica.

DA ASSEMBLÉIA DE 1689 ATÉ KEACH


Logo após a ascensão de William e Mary de Orange ao trono inglês em 1689, e ao Ato de Tolerância que foi publicado em 24 de maio, sete pastores Batistas Particulares londrinos, William Kiffin, Hanserd Knollys, John Harris, George Barrett, Benjamin Keach, Edward Man, e Richard Adams enviaram, juntos, uma carta circular às Igrejas Batistas Particulares da Inglaterra e Gales, convocando-as para uma Assembléia Geral. Em resposta à convocação, 107 igrejas enviaram mensageiros ao encontro em Londres, que foi realizado entre 3 e 12 de setembro. Esta primeira Assembléia Geral dos Batistas Particulares Ingleses, no curso de suas deliberações, aprovou a Confissão de 1677, conforme uma segunda edição que foi publicada em 1688, e recomendou-a para subscrição pelas igrejas e para o estudo dos membros. Começando com as Escrituras Sagradas e terminando com o julgamento final, num total de trinta e dois artigos, entre todas as Confissões de Fé batistas, foi esta, de longe, a de maior destaque e a que de maior autoridade se revestiu. Pretendida como um instrumento apologético e educativo, a Confissão se tornou uma das mais importantes de todas as confissões batistas.
Benjamin Keach, que se associou a Collins na reedição da Confissão em 1688, trabalhou nela fazendo pequenas alterações, em 1697. Com a cooperação do seu filho Elias, o documento foi publicado como Confissão de Fé das duas igrejas pastoreadas por eles. A Keach's Confession (Confissão de Keach) recebeu mais duas ênfases, resultado das preocupações do seu autor, e que não constavam da Confissão em 1689: "Imposição de Mãos" e "Salmos e Hinos em Cultos". A Confissão de Keach continha, então, 34 capítulos, e algumas mudanças doutrinais mínimas foram feitas em relação ao texto básico. A Confissão de Keach, que teve apenas uma edição na Inglaterra, achou seu caminho para os Estados Unidos da América possivelmente através da influência de Elias Keach, e tornou-se o corpo da Confissão de Filadélfia, a Confissão Batista Calvinista dominante no Novo Mundo

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